O abismo estratégico entre creators dos EUA e do Brasil

Apesar de contar com 144 milhões de usuários ativos em redes sociais, o que representa 67,8% da população, e com creators que somam mais de 1,3 bilhão de seguidores combinados, o Brasil ainda engatinha na profissionalização do mercado de influência.

De acordo com levantamento da People2Biz em parceria com a Favikon, apenas 22% dos principais criadores do país têm alguma fonte de receita direta, como produtos próprios, cursos ou assinaturas. A monetização ainda está fortemente concentrada em publis: 87% dos creators dependem exclusivamente de parcerias com marcas.

Nos Estados Unidos, o cenário é diferente. Lá, creators atuam como empresários: constroem marcas, contratam times, desenvolvem audiências fora das plataformas e até negociam participação em startups em troca da própria imagem, um modelo conhecido como Media for Equity.

“O mercado americano tem uma visão muito mais sólida sobre a importância de não depender de uma única plataforma. Além de lançarem suas marcas, muitos creators já estão explorando modelos como Media for Equity, onde trocam participação em startups pela sua imagem. Esse tipo de estratégia ainda é raro no Brasil, onde muitos dependem basicamente da ideia de ‘vou fazer publi’”, explica Victor Cabral, especialista em creator economy e sócio do portal Creator Economy.

A diferença entre os mercados de creators

Enquanto creators americanos usam newsletters, comunidades próprias e até plataformas de e-learning como pilares de negócio, os brasileiros ainda concentram suas operações em redes sociais, especialmente Instagram e TikTok. Essa dependência algorítmica dificulta a construção de ativos de longo prazo e torna o fluxo de receita volátil.

“O que realmente diferencia o mercado dos Estados Unidos do Brasil é a maturidade na abordagem de negócios. Lá, os criadores veem seu trabalho como uma empresa de verdade: montam equipes competentes, estruturam processos e conseguem gerar receita de forma muito mais sólida. Enquanto isso, aqui no Brasil, apesar do enorme engajamento, muitos ainda dependem quase exclusivamente de publicidades e não tratam seus negócios com o mesmo nível de profissionalismo”, complementa Victor.

Apesar do atraso estrutural, algumas movimentações começam a surgir no Brasil. Criadores como Virginia Fonseca, Lucas Rangel e Camila Loures já atuam em múltiplas frentes, do varejo ao entretenimento, com produtos próprios, marcas registradas e presença multiplataforma. Mas ainda são exceções em um mercado onde a maior parte dos creators segue operando sozinha, sem equipe ou estratégia empresarial.

A expectativa, segundo o estudo, é que o Brasil evolua nos próximos anos com a consolidação de novos modelos de monetização, como lives comerciais, vendas diretas e programas de membros. Mas para isso, será preciso um salto de mentalidade: deixar de ser apenas influenciador e começar a agir como empresa.

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