Todo influenciador ao iniciar na internet, naturalmente constrói uma comunidade em torno do seu conteúdo. Essa comunidade é formada por pessoas que se identificam com seus conteúdos e acompanham suas redes sociais com frequência.
Comunidades online são grupos formados por pessoas que acompanham criadores de conteúdo de nichos semelhantes e que compartilham interesses em comum. Elas podem abranger desde áreas como fitness e beleza até o universo gamer. Esses grupos não apenas acompanham o conteúdo produzido, mas também desempenham um papel ativo no engajamento, curtindo, comentando e divulgando os posts, além de consumir os produtos indicados pelos influenciadores em suas redes sociais, gerando impacto direto nas vendas.
Segundo Ingrid Spyker, CEO da Creators Brand e especialista em marketing de influência, essas comunidades funcionam como um elo fundamental entre criadores e marcas, “elas operam como ambientes de alta densidade de engajamento, nos quais a interação não se limita ao consumo passivo de conteúdo. Os membros validam e amplificam mensagens, o que potencializa o valor da marca e amplia o alcance de forma orgânica”, explica.
É muito comum ouvir relatos de consumidores que só adquiriram determinado produto porque um influenciador daquela comunidade recomendou. Muitas vezes, esses itens chegam a esgotar em poucas horas justamente por conta dessa indicação. Por isso, para as marcas, os creators acabam sendo muito importantes por causa de um simples e pequeno vídeo de 1 minuto, que pode acabar com o estoque de um produto em horas.
Por exemplo, quem deseja começar um cuidado de skincare, muitas vezes prefere assistir vídeos de influenciadores indicando uma rotina de cuidado para o tipo de pele dela, ao invés de buscar uma consulta com dermatologista. Da mesma forma,uma pessoa interessada em começar a praticar exercícios físicos recorre a vídeos de influenciadores recomendando suplementos alimentares indicados para iniciantes, ao invés de consultar um nutricionista.
Comunidade é a tribo do digital
Uma das comunidades que mais se destacaram nos últimos anos foi o BookTok, termo que ganhou força em 2020 e reúne influenciadores que produzem vídeos indicando livros. Se você queria um romance leve, “Eu e Esse o Meu Coração” era uma boa pedida; um mistério? “Manual de Assassinato Para Boas Garotas” prendia o leitor nas páginas; e para quem buscava suspense, “A Paciente Silenciosa”, de Alex Michaelides, despertava curiosidade e tensão. Foi assim que muitos títulos se tornaram queridinhos do público e chegaram a esgotar em livrarias, como “Sete Maridos de Evelyn Hugo” e “É Assim Que Acaba”.
Para Ingrid, esse caso é um marco. “O BookTok mostrou como a lógica de recomendação entre iguais pode redefinir cadeias de valor e criar novas demandas de mercado sem depender de grandes investimentos publicitários. É a prova de que comunidades digitais podem se tornar vetores autônomos de influência cultural e econômica”, avalia.
No universo beauty, o crescimento também é constante, especialmente no mercado de beleza que atua em diversas áreas, como skincare, maquiagem e cosméticos. Segundo a GlobalData, esse setor deve alcançar até R$ 377,5 bilhões ainda em 2025, representando um aumento de 12,7% em relação a 2023.
Nesse cenário, as influenciadoras desempenham um papel essencial. Com suas resenhas e indicações, elas se tornam fontes confiáveis para os consumidores. Tudo que é recomendado por elas tem grande chance de acabar no carrinho de compras dos seguidores. Um exemplo disso foi a influenciadora Karen Bachini, que ao indicar o Sérum Vitamina C da La Roche-Posay em um vídeo, viu o produto esgotar rapidamente nas lojas online. A confiança construída com seu público fez com que milhares de pessoas comprassem o item na mesma semana, impulsionando as vendas da marca.