Em um cenário onde o digital já não é mais o futuro, mas o agora, o empreendedorismo se vê diante de uma nova escola de pensamento. Ela tem nome, rosto, voz. Chama-se Creator Economy e está reconfigurando não apenas a forma como consumimos conteúdo, mas a própria lógica de como se constrói valor, autoridade e negócios.
A ascensão da Creator Economy é, antes de tudo, uma resposta aos paradigmas obsoletos da economia tradicional. Em vez de empresas anônimas tentando se humanizar, vemos pessoas reais construindo ecossistemas empresariais a partir de suas histórias, crenças e causas. E o mercado responde. Segundo a Goldman Sachs, o setor movimentou US$ 250 bilhões em 2023, com projeções que apontam para US$ 480 bilhões até 2027. No Brasil, já são mais de 7 milhões de pessoas monetizando conteúdo, com 389 mil empregos gerados e mais de US$ 30 bilhões movimentados por plataformas como Hotmart. Essa é a fundação de uma nova era econômica.
Mas o que, de fato, a Creator Economy está ensinando ao empreendedorismo?
Primeiro que vivemos na era da economia da atenção, onde o recurso mais escasso é o foco humano. O criador, com sua habilidade de capturar e sustentar esse foco, tornou-se um arquétipo do novo empreendedor. Ele constrói narrativas, comunidades e movimentos. E isso vale mais do que qualquer campanha publicitária.
Segundo, que autenticidade não é uma “estratégia de marca”. É o próprio produto. Em um mundo onde o consumidor tem acesso a milhões de opções com um clique, ele não escolhe mais apenas pelo preço ou benefício. Ele escolhe pela identificação. Por isso, creators como MrBeast, que faturou mais de US$ 10 milhões com sua linha de chocolates, ou Virginia Fonseca, que movimentou R$ 114 milhões em novembro de 2024 com sua marca WePink, são provas que o poder de influência, quando estruturado, gera capital real.
Além disso, a Creator Economy está impondo a disciplina do tempo real. Enquanto o empreendedorismo tradicional ainda caminha em ciclos longos de planejamento, o criador testa, erra, ajusta e entrega em ciclos curtos. Ele vive em beta, entendendo que imperfeição compartilhada engaja mais do que perfeição polida e distante. Essa agilidade virou vantagem competitiva.
Outro ensinamento crucial está na lógica da comunidade. Se antes o sucesso de um negócio era medido em números de clientes, agora ele é avaliado em profundidade de conexões. Criadores que constroem comunidades verdadeiras vendem pertencimento. E, nesse novo mercado, quem constrói comunidade constrói equity.
Por fim, talvez o maior ensinamento da Creator Economy seja que ela nos lembra que marcas sem alma não resistem ao tempo. O empreendedor de hoje precisa se perguntar, todos os dias: estou construindo algo que importa? Algo que se sustenta mesmo se os algoritmos mudarem? Nesse novo mundo, empreender é mover consciências, gerar transformação e deixar legado.
Por Victor Cabral, fundador do CEEX, maior evento de Creator Economy do país