A sexta edição da pesquisa Creators & Negócios, realizada pela YOUPIX, mostra que quem começa na criação de conteúdo já começa a gerar alguma receita, mas é com o tempo que os ganhos e os modelos de negócio se tornam mais consistentes. O estudo reflete a profissionalização do mercado brasileiro: metade dos creators já vive 100% da influência, consolidando a Creator Economy como uma carreira real, e não mais uma tendência passageira.

“A gente já vinha observando essa aceleração da profissionalização dos creators, e a pesquisa comprova a tendência. Pela primeira vez, medimos quanto tempo o criador se dedica à profissão e vimos que um em cada dois que estão há mais de cinco anos no mercado ganham acima de R$10 mil. Para viver integralmente da criação de conteúdo, o mais comum é ter entre três e sete anos de carreira”, explica Rafaela Lotto, CEO da YOUPIX.

Entre os novos criadores, o lucro pode vir logo nos primeiros passos. O levantamento aponta o UGC (User Generated Content) e os programas de afiliados como principais fontes de renda dessa fase inicial, um sinal de que há cada vez mais caminhos de monetização além das publis tradicionais.

“O que separa o criador de conteúdo do empreendedor criativo é a capacidade de sustentar relevância, se profissionalizar e entender que influência é um negócio de longo prazo”, completa Rafaela.

Uma nova elite e uma base mais vulnerável

A pirâmide de renda mostra um mercado mais polarizado: cresceu tanto a base de quem ganha menos quanto o topo de quem fatura alto, enquanto o “meio do caminho” criadores que recebem entre R$2 mil e R$10 mil perdeu espaço.

O topo é ocupado por cerca de 12% dos criadores, que faturam acima de R$10 mil por mês e têm, em média, mais de cinco anos de experiência. Eles diversificam as receitas entre publicidade, UGC, produtos próprios e licenciamento, e tendem a viver exclusivamente da criação.

Já a faixa intermediária, que antes era maioria, caiu para 35% da amostra. E a base cresceu: mais de 40% dos criadores ganham até R$2 mil mensais, reflexo da entrada constante de novos perfis e da disputa crescente por visibilidade e parcerias.

Ainda assim, 53% dos criadores dependem de outro trabalho (CLT ou PJ) para complementar a renda, o que mostra que a estabilidade financeira segue sendo um desafio para a maioria.

Monetização: diversificação e amadurecimento

A publicidade segue como principal fonte de receita dos criadores, mas perdeu espaço em relação à edição anterior da pesquisa. Formatos como UGC, afiliados, infoprodutos e licenciamento vêm crescendo e apontam para um mercado mais diversificado e maduro.

Entre os novos entrantes com menos de um ano de carreira, o UGC lidera a monetização. Já as publis se tornam mais rentáveis a partir do segundo ano, com pico entre o terceiro e o sexto ano de atuação.

Mesmo com avanços, 3 em cada 10 creators ainda não monetizaram, em sua maioria os que estão no início da jornada.

Para Rafaela, “a receita cresce com o tempo ,não existe milagre. Como em qualquer carreira, é a experiência e a constância que fazem os resultados chegarem”.

Diversidade e representatividade em alta

Pela primeira vez, a maioria dos respondentes da pesquisa se autodeclara negra: 49,8% são pretos ou pardos, número que ultrapassa o de brancos e reflete uma Creator Economy mais próxima da realidade do Brasil.

Apesar do avanço, a desigualdade ainda existe. Creators negros continuam ganhando menos, em média, que os brancos, evidenciando a necessidade de ampliar o acesso às oportunidades e à monetização.

A presença feminina também segue predominante: 74,9% dos creators são mulheres.

Saúde mental: menos burnout, mais hate

Depois de anos de alerta sobre exaustão, caiu o número de criadores que relataram ter sofrido burnout. Ainda assim, o impacto emocional continua alto: 74,8% dos participantes afirmam sofrer algum tipo de discurso de ódio.

O estudo aponta que a vulnerabilidade emocional é maior entre os criadores de baixa renda, especialmente os que ganham até R$2 mil por mês, mostrando que o bem-estar segue sendo um ponto central para a sustentabilidade da carreira.

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